Homenagem a uma das Pioneiras da Escola de Engenharia de Lins
Neste Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, celebramos a trajetória inspiradora de Claire Campitelli Conti, uma das primeiras mulheres formadas na Escola de Engenharia de Lins.
Uma Pioneira na Engenharia: Claire Campitelli Conti
De Pongaí à Amazônia: Uma Trajetória Inspiradora
Sou Claire Campitelli Conti, natural de Pongaí. Minha história com a engenharia começou em 1964, quando meu irmão Leire ingressou na Escola de Engenharia de Lins. Motivada por ele, iniciei o curso no ano seguinte, tendo me matriculado sob o número 138. Tinha que me desdobrar entre o serviço público municipal e as aulas na EEL. Tive que andar a pé aquele “subidão” do centro até a escola centenas de vezes.
Sendo a única mulher num mundo masculino, sempre fui muito bem recebida por todos. Aquela época havia muita estranheza pelo fato de eu ser mulher e estar cursando engenharia.
Em 1972, finalmente obtive o tão sonhado diploma. Juntamente com meu então namorado, depois meu marido, Sebastião Conti Neto, também formado na EEL, e impulsionados pelo chamado do Governo Federal para integrar a Amazônia, partimos para Rondônia em 1977.
Desbravando a Amazônia: Uma Missão Empreendedora
Ainda durante a faculdade, tivemos um maravilhoso professor de topografia que despertou nossa paixão por esta área. Essa paixão se tornou um negócio próspero, com a realização de levantamentos topográficos para fazendeiros da região de Lins, permitindo que eu deixasse o serviço público municipal.
Em 1976 fundamos a Enproto Engenharia Ltda e vencemos uma concorrência do Incra, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (https://www.gov.br/incra/pt-br) para demarcar lotes para assentamento de colonos. Ao longo de nossa jornada, demarcarmos 10.000 lotes e diversas áreas particulares, contribuindo para o desenvolvimento da região.
Trabalhamos também no Amazonas e no Pará, prestando serviços para a Eletronorte, subsidiária da Eletrobras.
Nossa empresa trabalhou com topografia em diversas obras como as linhas de transmissão das usinas hidroelétricas de Samuel, em Porto Velho, Rondônia, e Balbina, em Presidente Figueiredo, no Amazonas. Também a linha de transmissão de Tabatinga até Parintins, ambas no Amazonas.
Inovação, uma marca dos alunos da EEL que trouxemos para a Amazônia
Inovação sempre foi uma das marcas de nossa empresa, a Enproto Engenharia. Na época fomos a primeira empresa a ter um equipamento de ponto geodésico no Brasil; Magnavox Geoceiver Satellite Surveyor MX 1502 (https://www.rrauction.com/auctions/lot-detail/348148906800189-magnavox-geoceiver-satellite-surveyor-mx-1502). Só as Forças Amadas tinham.
Também compramos o primeiro computador de cálculo topográfico da região amazônica, o HP-85 da Hewlett-Packard Company (https://hpmuseum.net/display_item.php?hw=33).
Testemunhando a Transformação da Amazônia
Chegamos em Porto Velho quando a cidade ainda tinha 70 mil habitantes. Testemunhamos o crescimento e a transformação da região, como a chegada do asfalto na BR-364 em 1983, que ligou o norte ao sul do país. Hoje, a cidade conta com 460 mil habitantes.
De 2000 a 2013 tive, em sociedade com minha irmã, uma empresa de paisagismo, jardinagem e viveiro de plantas e flores tropicais, a Bioflora. Neste período fundamos e eu fui presidente da Afloron – Associação dos Produtores e Distribuidores de Flores e Folhagens Tropicais de Rondônia.
Família e Legado: Inspirando Gerações
Com o tempo, nossa família se expandiu com a chegada de nossos três filhos: Maurício, Luciano e Renato, todos engenheiros. O caçula, inclusive, seguiu meus passos na Escola de Engenharia de Lins, tendo se formado Engenheiro Eletricista.
Minha história é um exemplo de perseverança, superação e pioneirismo. Como mulher em um campo dominado por homens, abri caminho para outras mulheres seguirem seus sonhos na engenharia. Mais do que uma profissional, sou uma pioneira que contribuiu para o desenvolvimento da Amazônia e inspirou futuras gerações.
Claire Campitelli Conti: Uma engenheira visionária, uma mulher à frente de seu tempo.